Linha do Tempo Saúde Mental Goiás 1930-2021*

1930:

A partir de 1930, o médico Pedro Ludovico Teixeira esboçou o quadro da loucura em Goiás, período este que teve início o processo de institucionalização da loucura em Goiás.  (CARDOSO, 2019)

1937-1941:

O resultado do inquérito realizado pelo Departamento Nacional de Saúde, entre 1937 e 1941, diagnosticou a diversidade da assistência psiquiátrica nos diferentes estados brasileiros. Goiás juntamente com Sergipe e Acre, foram classificados como estados que não prestaram assistência a  seus doentes (VENANCIO, 2011). Os discursos e ações para recolhimento dos loucos em asilos e sanatórios começaram em Goiânia na década de 1940.

1947:

A primeira ordenação legal acerca dos psicopatas no Estado de Goiás, foi elaborada em 1947, criando o serviço de assistência aos psicopatas, subordinado ao Departamento de Saúde, com os objetivos de: tratar e assistir as pessoas com perturbações mentais, dar amparo médico social tanto para os que possuíssem tendência a psicopatias, como aquele que tivesse saído das instituições psiquiátricas, defender e proteger legalmente os psicopatas e criar ações de higiene e profilaxia mentais (GOIÁS, 1947).

 1949:

Em 1949 foi criado o Sanatório Espírita Batuíra e, na década de 1950 , o sanatório JK.( ARANTES, 2018)

 1954:

A partir de 1954, inserido na política nacional das instituições asilares, dentro de um contexto higienista e na concepção da caridade cristã, que foi edificado em Goiás, o Hospital Psiquiátrico Professor Adauto Botelho no dia 04 de abril. (CARDOSO, 2019)

Sob inspiração de ideais eugenistas, o hospital foi construído com o ideal de seleção, purificação do povo de Goiás, o qual, segundo os governantes da época, deveriam se constituir em conformidade com os ideais de progresso, modernidade e trabalho. Além disso, no contexto da ditadura militar, funcionou como um meio de punir os dissidentes políticos (PAULA, 2009).

No entanto, o louco infrator continua a ser recluso em presídios, em meio a criminosos comuns. Em um primeiro momento, o louco infrator não foi contemplado com o tratamento na instituição modelo em tratamento psiquiátrico no período. (Paula, 2016)

1964:

 O hospital Adauto Botelho é utilizado como uma espécie de presídio para pessoas cujo comportamento se desviava do processo político vigente. A instituição foi utilizada para aprisionamento de opositores do regime militar. (Paula, 2016)

1975:

Quando se trata estritamente da Saúde Mental, em setembro de 1975, em Goiânia, realizou-se o II Encontro de Psiquiatras do Planalto Central, que reuniu especialistas do Rio de Janeiro, Pernambuco, Amazonas, Goiás e Distrito Federal: A sessão de abertura do conclave está marcada para as 19:00 horas do dia 4, na sede da Associação Médica de Goiás, com a presença do presidente e do secretário geral da Associação Brasileira, Srs. José Lucena e Ulisses Viana Filho, respectivamente (FOLHA DE GOIÁS 31/08/1975). Neste evento a proposta foi a discussão dos Aspectos Assistencial e Hospitalar, os Progressos da Psicofarmacologia, Saúde Mental e Desenvolvimento, Convulsoterapia versus Psicofarmacologia, Disritmia Cerebral e sua Repercussão nas Neuroses, Aspecto da Moderna Esteotaxia e Cirurgia do Comportamento e Escolas Psiquiátricas e seus Procedimentos.  (CARDOSO, 2019)

1979:

No Brasil, a crise relativa à assistência em saúde mental se agravou em 1979, no governo de João Baptista de Oliveira Figueiredo, período em que o País iniciava sua abertura política (processo de redemocratização). Vários segmentos da sociedade se uniram e promoveram diversos eventos para discutirem acerca da assistência psiquiátrica. Neste bojo, criou-se o Movimento Nacional de Luta Antimanicomial, que contou com a participação popular, inclusive de familiares de pacientes. (ARANTES, 2018)

1984:

Criação do Centro Aberto (Serviço Ambulatorial de Atenção Diária e Multidisciplinar para Tratamento de Toxicomanias)

1986:

O documentário "Passageiros de Segunda Classe" inicia sua gravação. (PAULA, 2016). O curta metragem filmado em 1986 no Manicômio Adauto Botelho e finalizado em 2001, quando o hospital já havia sido demolido. O documentário foi dirigido por Kim-Ir-Sem, Luiz Eduardo Jorge e Waldir de Pina. É uma crítica sobre a forma de tratamento dos doentes mentais e uma possibilidade reflexiva acerca do convívio com a diferença. (CARDOSO, 2019)

Fechamento do COOJE/ Fechamento do Centro Aberto

1987:

Reforma Psiquiátrica sendo implantada, coord. SM estadual (Vera)

1988: 

Em Jataí:  No final da década de 1980, o albergue Beneficente São Vicente de Paula começa a desmanchar as celas onde os pacientes ficavam e iniciou-se um processo de mudanças, que se acelerou após a aprovação da nova Constituição. Então, na busca de se adequar às novas normas, no ano de 1988 foi formada uma equipe de trabalho com uma psicóloga, um psiquiatra, uma enfermeira e uma assistente social. (LIMA, 2014)

1992:

Em Goiânia, as primeiras práticas que se diferenciavam do tratamento psiquiátrico tradicional começaram em 1992. Um pequeno grupo de profissionais do Hospital Psiquiátrico Prof Adauto Botelho passou a atender no modelo Hospital-dia, no qual alguns pacientes podiam ir embora para casa no final do dia ( GUILARDI, 2005). Foi nesse contexto que emergiu de forma mais articulada o movimento da Reforma Psiquiátrica na capital. No âmbito nacional, Vasconcelos aponta que o período de 1992 a 1995 marcou as mudanças significativas, consolidadoras da perspectiva da desinstitucionalização no país.

Denúncias contra Hospital Adauto Botelho / Criação do CIMPE

1993:

Projeto Água Viva / Projeto da Dep. Denise Carvalho na Assembléia Legislativa

1994:

A discussão acerca da Reforma Psiquiátrica começa a ocorrer, em Goiânia, na década de 80, mas a criação dos movimentos sociais e associações só acontece a partir de 1994, quando é criado o FGSM durante o seminário “Loucura é o maior abandono”, organizado pelo Movimento Nacional da Luta Antimanicomial (GUILARDI et al., 2005). O contexto de criação do Fórum foi o processo de crítica à estrutura precária do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho e mobilizações para a reforma da instituição.(ARANTES, 2018)

Criação da Casa Integrada de Saude Mental Agua Viva para adultos e crianças pelo Decreto nº 2.163/1994 (GOIÂNIA, 1994), a qual iniciou suas atividades em 1995/média 1300 atendimentos por mês.

II Plenária Nacional da luta anti manicomial

1995:

O ano 1995 pode ser visto como emblemático, já que foi quando ocorreu a inauguração do primeiro serviço com funcionamento diuturno (Casa de Atenção Integral em Saúde Mental Água-Viva)

Implantação do Pronto Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc (PSPWC) (passagem por esse serviço passou a ser vista como pré-condição para a concessão de autorização para internações) e a desativação do Hospital Psiquiátrico Professor Adauto Botelho (ARANTES; TOASSA, 2017; TAVARES, 2007).

A ideia de se construir um novo hospital psiquiátrico volta a ocupar os jornais:

"Durante a visita ao Adauto Botelho, que teve a presença do próprio secretário da saúde, os vereadores e as entidades foram informados de que o governo deverá construir uma nova unidade psiquiátrica nas proximidades do antigo Hospital JK (O Popular, 15/06/1995)"

(PAULA,2016)

Desativação do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho. Os pacientes sem referências familiares foram distribuídos entre as clínicas particulares com convênio com o SUS ( ARANTES, 2018)

Em 1995, foi instituído, enquanto unidade técnica da SMS, o Núcleo de Saúde Mental, que teve sua primeira gestão nomeada em 1996, com Jorge Elias Daher como primeiro chefe do Núcleo (GOIÂNIA, 1995; GOIÂNIA, 1996).

A Associação dos Usuários de Saúde Mental do Estado de Goiás (AUSSM/GO), foi fundada em 1995. Esta Associação funcionava em um espaço do Hospital Psiquiátrico Prof. Adauto Botelho, mas com a desativação deste, passou a funcionar no Pronto-Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc (MARTINS, 2003).

Em dezembro de 1995 Maguito Vilela manda mensagem para a assembleia legislativa pedindo autorização para ele fazer o que quisesse com a área e os deputados aprovaram. Desde dezembro de 1995 a abril de 1997 as negociações com a Sociedade Goiana de Pecuária não evoluíram devido ao alto valor da área.

Criação do SOS Saúde Mental / Núcleo de S.M Municipal

I encontro de Saúde mental de Goiânia /Etapa local da III conferência Municipal de Saude.

1996:

Foi realizado um levantamento de pessoas em medida de segurança na penitenciária de Goiânia, o que provocou, na Vara de Execução Penal (VEP) da região, a proibição do ingresso de novos pacientes submetidos a medida de segurança, além da determinação de soltura dos que se encontravam ilegalmente presos. (Silva, 2010)

Uma reportagem do jornal O Popular traz à tona as condições dos loucos infratores presentes no CEPAIGO. Foi relatado que doentes mentais condenados pela justiça eram mantidos em condições desumanas em um presídio comum.

Em 1996, foi criado o Núcleo de Saúde Mental Professor Wassily Chuc (GUILARDI et al., 2005).

Criação do Núcleo de Saúde Mental na Secretaria de Saúde

Jorge Elias Daher

II Encontro de Saúde Mental de Goiania-13/09/96

1997:

O hospital Adauto Botelho foi fechado e demolido. (PAULA,2016). No Decreto n° 2.504, de 18 de setembro de 1997 (GOIÂNIA, 1997b), o prefeito em exercício, Francisco Sobrinho de Oliveira, ao considerar que a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer se manifestou contra o tombamento – alegando que o prédio não tinha características históricas que justificassem a medida e que o processo aberto não seguiu os trâmites normais –, resolveu não acatar o tombamento do Prédio do extinto Hospital Adauto Botelho.

Hospital-dia, que funcionava dentro do Adauto Botelho, foi transferido para o Núcleo de Saúde Mental Prof. Wassily Chuc.

David Capristiano Antônio Lanceti Willian Valentin em Goiânia 

Apresentação do Projeto de lei para o Municipio/Olivia Vieira

Manifestações contra a venda da área do Adalto Botelho.

1998:

Foi aprovada a lei nº 7775 de 8 de abril de 1998 que dispõe sobre a política de saúde mental, pautando-se nos princípios da reforma psiquiátrica. ( Rabelo, 2006). Formada pelos seguintes serviços: núcleo de atenção psicossocial, pronto-socorro, leitos psiquiátricos em hospital geral, pensão protegida, moradias, cooperativa e hospital-dia (GOIÂNIA, 1998)

Concurso Município / Hospital Dia sai do Wassily Chuc para Água Viva

Transferência do Hospital dia e Casa Água Viva para Chácara da 115.

Após o Decreto nº 656, de 20 de abril de 1998 (GOIÂNIA, 1998b), o Núcleo de Saúde Mental passou a se chamar Divisão de Saúde Mental e Jorge Elias Daher foi novamente nomeado como coordenador desta unidade administrativa.

1999:

O Ambulatório Municipal de Psiquiatria se desmembrou do Pronto Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc.

Foi criado, em 1999, o NAPS do setor Jardim Novo Mundo, sendo este o marco inicial de implantação dos serviços substitutivos no município.

A AUSSM apresentou à SMS demanda de apoio técnico, profissional e financeiro. Deusdet do Carmo Martins foi então convidada para assessorar a AUSSM/GO, do final de 1999 ao início de 2001.

Nos anos de 1999 a 2001, a prefeitura de Goiânia repassou recursos para a AUSSM/GO (GOIÂNIA, 1999; 2000b; 2000c), no entanto, o convênio não foi renovado nos anos seguintes, devido ao uso indevido da verba pela gestão da Associação na época.-

Fim da divisão de Saúde Mental, colegiado de gestão

2000:

- Inauguração do primeiro serviço substitutivo de Goiás, o Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS) Novo Mundo, durante o VI Encontro Nacional das Entidades de Usuários e Familiares da Luta Antimanicomial, ocorrido em Goiânia. 

- A capital recebe a 1ª Caravana Nacional de Direitos Humanos, em decorrência de inúmeras denúncias em relação às práticas de Clínicas Psiquiátricas contra seus pacientes.

2001:

Aprovação do Projeto de Lei (PL 3657/89) do deputado Paulo Delgado no dia 12 de março de 2001, este reconhecido como o dispositivo legal que extingue os manicômios e incentiva a implantação de serviços alternativos. (ESPIRIDIÃO, 2006)

O lançamento do documentário "Passageiros de Segunda Classe" traz à tona as severas incriminações sob o cotidiano do hospital Adauto Botelho, como péssimas condições de higiene, descaso e uso de eletroconvulsoterapia. (PAULA,2016)

O curta-metragem: Passageiros da Segunda Classe é ganhador de Melhor Filme Goiano no FICA 2001 e Melhor Filme 16mm no Festival de Brasília em 2001. (CARDOSO, 2010)

A partir de 2001, a rede de serviços substitutivos começou a se expandir no município, no bojo das discussões locais e impulsionada pela Lei nº 10.216/2001 e III CNSM, realizada em 2001 e que “apontou a necessidade de aprofundamento da reorientação do modelo assistencial em saúde mental, com a reestruturação da atenção psiquiátrica hospitalar, além da expansão da rede de atenção comunitária, com a participação efetiva de usuários e familiares” (BRASIL, 2010a).

Foram elaborados pela DSM: em 2001, projetos de implantação de três CAPS, três Residências Terapêuticas e Ações de Cultura e Inclusão Social, por meio de incentivo financeiro do MS e contrapartida da SMS

O segundo CAPS criado foi tipo II para adulto, destinado a atender a região Mendanha, Noroeste e Oeste, sendo inaugurado em 20 de dezembro de 2001. Esse serviço posteriormente passou a se chamar CAPS Esperança.

Projeto de expansão da rede na capital. Nos 4 anos seguintes nasceram o CAPS Esperança e Beija-flor (e suas RTs), Vida, Girassol, Casa e RT Novo Mundo.

Você Sabia?

A Lei Federal 10.2016/2001, que “Dispõe sobre a proteção e direitos das pessoas com transtorno mental e redireciona o modelo assistencial em Saúde Mental”, foi sancionada após 12 anos em tramitação, recebendo modificações e vetos considerados polêmicos (antimanicomiais) antes de ser aprovada. 

Nos 15 anos seguintes à Lei, o número de CAPS, cresceu de 295 para 2209 no país. Hospitais Psiquiátricos passaram a ser avaliados e reclassificados por porte (portaria MS 404/2009), impactando no seu financiamento e no descredenciamento dos leitos inadequados também.

2002:

O curta-metragem: Passageiros da Segunda Classe foi ganhador de Melhor Filme no Festival de Campo Grande em 2002. (CARDOSO, 2010)

Com o objetivo de estimular a contratação de profissionais de psiquiatria que eram escassos na rede de saúde pública, foi aprovada a lei municipal nº 8.129/2002 (GOIÂNIA, 2002b), que criou a gratificação destinada aos médicos psiquiatras que exercem suas atividades nos setores de Urgência, Psiquiatria, Programa Saúde da Família e Auditoria Médica.

A Clínica Bom Jesus fechou os leitos psiquiátricos conveniados com o SUS, em 2002, e os pacientes institucionalizados que estavam nesta instituição, três mulheres e quatro homens, foram encaminhados para o PSP Wassily Chuc.

2003:

Nesse ano foi realizado um censo psicossocial no Estado de Goiás supervisionado pela psicóloga Fernanda Otoni de Barros, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, coordenadora do PAIPJ-MG, que, segundo a coordenadora do PAILI-GO, inspirou muito da filosofia do trabalho desse programa na ideia do acompanhamento a longo prazo. (Silva, 2010)

Em 2003, o PAILI (Programa de Atenção ao Louco Infrator) é instituído pelo Estado de Goiás no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde com a proposta inicial de realizar o censo das medidas de segurança em execução no Estado. A partir disso, a Promotoria de Justiça da Execução Penal de Goiânia e o Centro de Apoio Operacional de Defesa da Cidadania se articulam para redimensionar o PAILI e dialogar com diversas instituições, tais como as Secretarias da Saúde do Município de Goiânia, Procuradoria Geral da Justiça, Tribunal de Justiça, Conselho Regional de Psicologia, Fórum Goiano de Saúde Mental, rede de clínicas psiquiátricas, entre outras.

Em 07 de abril de 2003, o Hospital-Dia foi transformado no CAPS Vida, tipo II

adulto, mudando-se para um local mais apropriado e com melhores condições.

Em 15 de outubro de 2003, foi inaugurado o CAPS Infanto-Juvenil para assistência a álcool e drogas, CAPS i ad Girassol (GOIÂNIA, 2004a).

A equipe de trabalho para criação do CAPS Beija-Flor foi formada em 2003 e passou um período frequentando o CAPS Esperança para capacitação durante o período para locação do imóvel.

A inauguração oficial do CAPS II Beija-flor para adulto, localizado na região

Sudoeste, foi no dia 19 de dezembro de 2003 (GOIÂNIA, 2004a; GUILARDI, et al., 2005).

Encontro entre os CAPS de Goiânia”, no CAPS Novo Mundo, no qual se discutiu a criação do Fórum permanente dos CAPS, com o objetivo de aumentar a articulação e trocas de ideias e informações entre os serviços especializados em saúde mental.

A primeira residência foi implantada no dia 22 de dezembro de 2003, recebendo mulheres e tendo como referência o CAPS Esperança.

Em 2003, depois de levantamento do número de pacientes institucionalizados, solicitado pelo MS, a cidade de Goiânia foi escolhida para receber o benefício do “Programa De Volta para Casa”, segundo a Lei nº 10.708/2003 (GOIÂNIA, 2004a; GUILARDI, et al., 2005).

Inauguração da Residência Terapêutica do Esperança/ Dep. Mauro Rubem apresenta projeto de R.P para estado

Criação do programa Saudavelmente UFG

Em Jataí: Movida pelos debates frutíferos deste curso em 2002, a psicóloga repassa as discussões para o grupo e resolvem criar o CAPS no quintal do sanatório, sendo oficializado em agosto de 2003. Ainda em 2003, a equipe transfere os pacientes do espaço asilar do albergue para a unidade desativada para pacientes fora de possibilidade terapêutica, entendendo que esta unidade seria melhor por ser um espaço amplo, aberto, sem muros altos. E neste mesmo ano foi criado o projeto para a constituição das RTs, quando veio a verba para a constituição deste serviço. Logo em seguida, ocorre a mudança de gestão municipal que não concorda com as alterações propostas. (LIMA, 2014)

Instituição do Fórum Permanente de CAPS, com objetivo de articular os serviços especializados. 

Primeiro CAPS e RT em Jataí, a partir da estrutura do Sanatório. A gestão seguinte não permitiu a continuidade do projeto e o CAPS foi descredenciado em 2005, sendo retomado no ano seguinte por força do Movimento local. 

Niquelândia é a primeira cidade, fora da capital, a ter um CAPS habilitado. As seguintes foram Quirinópolis e Mineiros, em 2005.

2004:

Aprovação de uma lei que regulamenta os CAPS e cria uma gratificação para os cargos de gestão em tais dispositivos (Lei 8.292/04). (Nascimento, 2018).

Decreto nº 1.577, de 28 de junho de 2004 no qual os trabalhadores das unidades de Saúde Mental conseguiram estender a gratificação dos que exercem suas atividades nos setores de Urgência, Psiquiatria, Programa Saúde da Família  para as categorias multiprofissionais e Auditoria Médica. (GOIÂNIA, 2004b).

A implantação do SRT do Novo Mundo ocorreu em 2004, recebendo homens em situação de institucionalização. O CAPS Beija-flor referenciou a abertura do terceiro SRT, que também recebeu mulheres.

No início de 2004, houve discussão para mudança no organograma da SMS/DSM e também houve mudança da coordenadora da DSM.

Em 2004, teve início o primeiro Curso de Especialização em Saúde Mental, destinado aos trabalhadores de saúde mental, promovido pela Universidade Católica de Goiás com financiamento do MS, conforme Despacho nº 4.342/04 (GOIÂNIA, 2004d).

Neste mesmo ano, também foi contratada a Sociedade Goiana de Psicodrama, para potencializar e capacitar os profissionais que atuavam nas unidades de saúde mental (GOIÂNIA, 2004e; GOIÂNIA, 2004f).

O projeto de lei nº 78, que tratava da regulamentação dos CAPS, foi enviado para a Câmara Municipal de Goiânia no dia 29 de junho de 2004, um dia antes do início do período eleitoral no município. O projeto de lei enfrentou muitos desafios e impasses até sua concretização na lei nº 8.292, de 3 de dezembro de 2004, que regulamentou os CAPS e criou os cargos comissionados de gestores: Diretor Geral, Supervisor Técnico e Assistente Administrativo de Unidade Sanitária (GOIÂNIA, 2004g).

Ainda em 2004, alguns documentos haviam apontado a possibilidade de venda da área pública onde funcionava o Ambulatório Municipal de Psiquiatria, conforme se vê na Ata da 19º Reunião Ordinária do Conselho Municipal de Assistência e Previdência do Município de Goiânia que, propôs a venda da área, que se localizava em uma região muito valorizada, para pagamento da dívida da Prefeitura com o Fundo de Previdência do Instituto de Seguridade Social (GOIÂNIA, 2004h).

O Centro de Atendimento à Saúde do Alcoolista (CASA), existente desde a década de 1990 no PSP Wassily Chuc, foi transformado no CAPS Ad Casa, para adultos, em 2004, mudando de endereço para melhores instalações. Um apoio no processo de efetivação da implantação do CAPS Ad foi Decreto municipal nº 2719/200345, que estabeleceu a política antidrogas do município de Goiânia.

Encerra participação colegiada na coordenação de Saúde Mental/ Fechamento da Clínica Bom Jesus.

Carlene Assume a coordenação de SM.

2005:

A 88º Reunião Ordinária do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Goiânia avaliou o referido Plano em novembro de 2005 e, no tocante à saúde mental, pontuou que, sendo fiel às últimas três Conferências Municipais de Saúde, dever-se-ia ter a meta de implantar um CAPS em cada DS e, por consequência, era necessário estabelecer passos concretos no referido plano. Não obstante, nenhum CAPS foi implantado na gestão (2005-2009).

Luta dos trabalhadores para indicação dos gestores dos serviços

Mudança de governo e coord.de SM.

No final de 2005 o Ambulatório de Psiquiatria passou a funcionar em uma nova sede, em imóvel alugado pela prefeitura, a partir de 2006.

O PSP Wassily Chuc, que ocupava um prédio de propriedade do estado, foi retirado do local com a justificativa de que seriam realizadas adequações físicas, as quais, no entanto, não se concretizaram (RODRIGUES, R., 2010). Desta maneira, desde 2005, foi alugado pela prefeitura o prédio que anteriormente sediava a Clínica Bom Jesus para o funcionamento do PSP. O relato da I Caravana Nacional de Direitos Humanos (BRASIL, 2000) descreveu a estrutura física dessa clínica como aprisionante, com grades e telas.

Em Jataí: Então, no ano de 2005, o município resolve devolver para o grupo religioso o serviço de saúde mental e toda a equipe sai do trabalho. Uma nova equipe técnica foi contratada e, uma vez constituída, montaram o SRT, mas modificaram todo o processo que havia sido construído pela equipe anterior. Daí, os pacientes, novamente, foram trancafiados em casas de muros altos e submetidos a rotinas de instituição. O CAPS foi descredenciado e o município ficou oito meses sem verba federal para este serviço; que só voltou a receber verba em 2006, a partir do movimento criado pelos usuários e familiares, que fizeram panfletos e entrevistas na TV, pedindo o retorno da equipe anterior. Então, ao final de 2005, parte da equipe inicial volta a fazer parte dos serviços do CAPS e dá continuidade à Reforma Psiquiátrica iniciada anteriormente. O SRT começa a ser reformulado e passa a atender às normas propostas pelo Governo Federal. Primeiro, foi organizada a mudança de endereço para residências que tivessem portões abertos e novas formas de lidar no dia a dia da casa. Alguns dos antigos funcionários do Hospital Psiquiátrico passam a trabalhar nas residências como cuidadores, a partir de um convite da equipe técnica. O convite para esse trabalho se deu a partir das relações que eles tinham com os antigos pacientes do Hospital; a equipe entendeu que seria melhor para a adaptação ao novo espaço. (LIMA, 2014)

2006:

Outubro de 2006: Criação do PAILI-GO, na Secretaria de Estado de Saúde de Goiás, a partir da articulação entre o Ministério da Saúde, o Fórum Goiano de Saúde Mental e o Conselho Regional de Psicologia. Portaria nº19/2006-GAB/SES: institui o PAILI-GO. Na cartilha elaborada pelo Ministério Público, a data de início do PAILI-GO remonta ao ano de 1996, enquanto a portaria que o instituiu é de 2006 (Silva, 2010)

Além disso, pode-se destacar, em 2006, a regulamentação do Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator, destinado a executar medidas de segurança em conformidade com a Lei 10.216 e, em 2008, a do Gerarte (Associação de Trabalho e Produção Solidária de Saúde Mental) (ARANTES; TOASSA, 2017; MPGO, 2009; SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA, 2017).

Criação do Fórum Regional de Saúde Mental Infanto Juvenil, a partir do CAPS Água Viva/ Implantação do Projeto PAILI no estado.

O Convênio nº 003/2006 (GOIÂNIA, 2006a) firmado com a Santa Casa de Misericórdia, coordenada pela SSVP, instituiu a continuidade da cooperação técnica e financeira da SMS com a contratada, para implantação da política de desospitalização.

Instituição do PAILI – Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator. Ligado à Secretaria Estadual de Saúde, foi um dos pioneiros, sendo referência nacional na atenção a pessoas em medida de segurança.

2007:

Wassily Chuc é transferido para a Antiga Clínica Bom Jesus.

Venda da área/sede do ambulatório Municipal de Psiquiatria e mudança do mesmo para um prédio alugado.

Goiânia recebe o II Encontro Nacional da RENILA – Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.

2008:

Reportagem do jornal O Popular denuncia o complexo prisional de Aparecida de Goiânia, onde 75 loucos infratores estariam enclausurados junto a presos comuns. O programa PAILI é criticado, tendo em vista que sua intenção era precisamente buscar portadores de doenças mentais em presídios e conferir a eles um tratamento compatível com suas condições. (PAULA, 2016)

Foi criado o primeiro projeto de Geração de Renda, Trabalho e Produção Solidária em saúde mental no município de Goiânia, o Gerarte, para atender aos usuários dos CAPS de diferentes regiões da cidade em sistema de cooperativa, conforme a política nacional de economia solidária, Lei nº 9.867/1999.

Neste ano, também se integrou à estrutura administrativa básica da SMS, por meio da Lei nº 8.639/2008 (GOIÂNIA, 2008b), o Serviço de Atendimento Móvel a Urgência – SAMU.

I Congresso Gente Crescente. Apresentação do projeto de expansão da Rede de Atenção em Saúde Mental ao MS e CMS.

Proposta de implantação de CAPS na região Noroeste e início das ações de matriciamento em saúde mental na região.

Implementação do Gerarte (Associação de Trabalho e Produção Solidária de Saúde Mental).

2009:

No âmbito da Atenção Básica o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) começou a ser implementado em 2009.

Foi aprovada, através da Lei nº 9.011/2010 (GOIÂNIA, 2011a), a gratificação especial para os profissionais integrantes dos NASF da SMS de Goiânia.

Em 2009, os hospitais psiquiátricos foram avaliados e reclassificados de acordo com o porte, Portaria nº 404/2009 (BRASIL, 2010b).

Demolição do antigo espaço do Wassily Chuc  ao lado do Hospital CRER

Associação dos usuários de saúde mental que funcionava no local é retirada de lá.

Início da construção da nova sede do CAPS Novo Mundo.

Participação do estado na Marcha Nacional de Usuários dos Serviços de Saúde Mental, em Brasília, para reivindicar a convocação da IV Conferência Nacional de Saúde Mental. 

2010:

Foi convocada a etapa municipal da IV Conferência Municipal de Saúde Mental – Intersetorial, a qual se realizou nos dias 08, 09 e 10 de abril de 2010, em Goiânia, desenvolvendo seus trabalhos de acordo com o tema “Saúde Mental Direito e Compromisso de Todos: Os Caminhos da Intersetorialidade” (GOIÂNIA, 2010a).

Foi instituída a RAPS, Portaria nº 3.088/2011, vinculada a políticas de fortalecimento que impulsionaram um novo crescimento dos serviços de base comunitária, por meio da regulamentação e abertura para novos investimentos na rede.

Neste período, também foi lançado o Programa Nacional “Crack é possível vencer”.

O Decreto Presidencial nº 7.179, de 29 de maio de 2010, instituiu o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas e fomentou, por meio de repasses financeiros, à realização pelo estado, município e instituições de ensino superior, de diversas ações relacionadas ao uso abusivo de álcool e outras drogas. As verbas se destinaram à qualificação e formação permanente dos profissionais, à implantação do Projeto Educação pelo Trabalho para a saúde mental (PET-saúde mental) e à implantação do Consultório de Rua (GOIÁS, 2010).

No ano de 2010, foi inaugurado o Gerarte II, dando continuidade aos projetos de geração de renda no município.

Neste ano, por meio de convênio com o MS, foi estabelecida parceria da Faculdade de Enfermagem da UFG para oferta de curso de especialização multiprofissional em saúde mental, oferecido aos trabalhadores da rede de saúde mental do estado (SILVA, G., 2010; GOIÁS, 2010).

Foi criado um Fórum dos Trabalhadores de Saúde Mental, específico para os profissionais.

Início da construção do CAPS Noroeste

2011:

Em 2011, a coordenação da DSM foi novamente exercida por profissional vinculada ao Movimento da Luta Antimanicomial e a SMS foi novamente assumida por Elias Rassi, que no final dos anos 1990 contribuiu para a emergência da Reforma Psiquiátrica no município.

Esta gestão da SMS/DSM de Goiânia apresentou o “Relatório de Gestão em Saúde Mental – 2011 e 2012” (GOIÂNIA, 2012b), importante documento para compreensão da rede psicossocial neste período.

O Programa de Educação pelo trabalho para a Saúde, PET Saúde/Saúde Mental, a ser realizado pela Universidade Federal de Goiás em parceria com a SMS, com execução entre janeiro a dezembro de 2011, nas unidades CAPSad Casa, CAPSad Girassol, NASF e Consultório de Rua, obteve parecer favorável do CMS (GOIÂNIA, 2011c). O projeto foi uma articulação dos cursos da área da saúde da UFG, oito ao total, e dos trabalhadores do SUS para (re)orientação da assistência em saúde mental e álcool e outras drogas.

Criação de CAPS ad III a partir de 2011.

Início das atividades do Consultório de Rua. RAPS Portaria 3088 de 23 de dezembro de 2011.

Início das atividades do NASF/ região noroeste.

Educação Permanente em AD para equipes da ESF noroeste.

2012:

O MS propôs um novo edital com mudanças no programa, que foi integrado ao Pró- Saúde e passou a ter como foco o desenvolvimento das Redes de Atenção à Saúde (RAS), buscando fortalecer a integralidade da saúde. O projeto da UFG em parceria com a SMS teve nove grupos tutoriais aprovados no edital, para desenvolvimento das atividades de 2012 a 2014. Além dos cursos de graduação, participantes da primeira experiência do PET Saúde Mental, o curso de biomedicina foi integrado ao programa. As instituições preceptoras foram a Coordenação da Estratégia Saúde da Família (ESF), o NASF, o Consultório na Rua, CAPS Ad Casa, CAPS Ad Girassol e CAPS Novo Mundo. O projeto atuou com o “Saúde Mental na Roda”, uma proposta de educação permanente por meio de rodas ampliadas (grupos de discussão) com os diversos temas da RAPS, os serviços preceptores também receberam monitores que participaram das atividades das unidades de saúde (AMORIM et al., 2015).

O Programa de Centros de Convivência e Cultura (CCC) na rede de atenção extra-hospitalar foi criado pela Portaria MS nº 396, em 2005. Em Goiânia, esse serviço foi implementado no dia 21 de maio de 2012, com a inauguração do Centro de Convivência Cuca Fresca.

Em 2012, foi implantada a Casa de Apoio Terapêutico CAT e, em 2013, esse serviço migrou para Unidade de Acolhimento Transitório infanto-juvenil (UATi), instituída pela Portaria municipal nº 119/2013, de 26 de dezembro de 2013 (GOIÂNIA, 2014b).

No mês de novembro de 2012, realizou-se a Mostra de Arte Insensata Itinerante, em parceria com a prefeitura de Belo Horizonte e o MS.

Em 2012, foram aprovadas a reforma da sede do CAPS Novo Mundo, com adaptações na estrutura física, com a intenção de transformar o serviço em CAPS III, com hospitalidade noturna, e a construção de um CAPS na região Noroeste de Goiânia.

Inauguração da Unidade de Acolhimento Transitório do CAPS Girassol.

2013:

Em 2013, efetivou-se a implantação de mais uma equipe de Consultório na Rua, tendo sede administrativa no CAPS i Ad Girassol, mas, em 2013, migrou para a Atenção Básica com o nome de Consultório na Rua (GOIÂNIA, 2012b; 2014b).

A reforma do CAPS Novo Mundo foi concluída em 2013, ano em que também foi inaugurado o CAPS Noroeste, no dia 23 de agosto, iniciando suas atividades apenas na assistência à álcool e outras drogas.

O Decreto municipal nº 4.051, de 02 de setembro de 2013 (GOIÂNIA, 2013b), aprovou o Regimento Interno da Secretaria Municipal de Saúde. Essa normativa especificou as atribuições das coordenações e das unidades de saúde da SMS.

No final de 2013 ocorreu o descredenciamento da Clínica de Repouso de Goiânia, provavelmente em decorrência da denúncia de que a clínica estaria em desacordo com a Portaria MS nº 251/2002, sendo aplicada multa à instituição por meio do Despacho nº 395/2014, de 11 de fevereiro de 2014 (GOIÂNIA, 2014e).

Reestruturação do programa Saudavelmente UFG

2014:

Mudança de sede do CAPS Adi Girassol por meio do Decreto nº 3.734, de 01 de agosto de 2013.

Fruto dos esforços do período anterior, foi inaugurado, em fevereiro de 2014, o CAPS Negrão de Lima Ad II, vinculado ao DS Campinas/Centro, em imóvel alugado pela SMS.

Com relação à atenção álcool e drogas, destacamos a criação de gratificação para unidades de difícil lotação, Portaria nº 076/2014 (GOIÂNIA, 2014f), sendo apontados os dois CAPS Ad existentes.

Em 20 de outubro de 2014, foi aberta em Goiânia a primeira loja de economia solidária, fora dos locais de funcionamento dos Gerartes, para comercialização dos produtos dos Gerartes, das oficinas produtivas dos CAPS e também a produção autônoma dos usuários das unidades de Saúde Mental de Goiânia (AIDAR, 2014).

O Conselho Municipal de Saúde avaliou o Plano Municipal de Saúde 2014-2017 da SMS de Goiânia e, por meio da Resolução nº 47/2014 (GOIÂNIA, 2015g), aprovou o plano com indicações de alterações como a inserção das metas de descentralização do Ambulatório Municipal de Psiquiatria, incluindo consultórios de saúde mental em CAIS ou CIAMS por Distrito Sanitário (DS) e descentralização da urgência psiquiátrica em Unidades de Pronto Atendimento (UPA).

No início de 2014, foi renovado o convênio da prefeitura com a SSVP, por um período de 60 meses, verificado no Contrato nº 04/2014, de 2 de janeiro de 2014 (GOIÂNIA, 2014i).

2015:

As Clínicas Repouso de Goiânia (160 leitos), descredenciadas desde o final de 2013, foram oficialmente desabilitadas por meio da Portaria MS nº 1121, de 21 de outubro de 2015 (BRASIL, 2015b). As clínicas/hospitais filantrópicos e privados que permaneceram conveniadas com o SUS foram o Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental, a Casa de Eurípedes e a Associação de Saúde Mental Infantil de Goiás (ASMIGO).

No ano de 2015, em comemoração ao 18 de maio, dia da luta antimanicomial, foi inaugurado o sexto SRT de Goiânia. A residência teve como referência o CAPS Novo Mundo e abriga pacientes do sexo masculino institucionalizados por mais de dois anos, oriundos principalmente do PSP Wassily Chuc (FERREIRA, 2015).

No contexto do 18 de maio, também foi organizado pelo FGSM e pelo SINDSAÚDE o “Seminário SUStentando a Saúde Mental em Liberdade!”, realizado na Faculdade de Educação da UFG, nos dias 14 e 15 de maio de 2015 (FÓRUM GOIANO DE SAÚDE MENTAL, 2015).

2016:

A Unidade de Acolhimento Transitório e o Centro de Convivência Cuca Fresca foram fechados repentinamente em outubro de 2016, devido a problemas com o contrato com a Organização Social (OS) que administrava os serviços. (Nascimento, 2018)

Inauguração do Centro de Referência em Dependência Química (CREDEQ), em junho de 2016, em Aparecida de Goiânia (região metropolitana de Goiânia).

O convênio nº 004/2014 foi rescindido, de forma unilateral, todos os serviços e ações que faziam parte do convênio continuariam a ser executados por até trinta dias, cabendo à SMS a manutenção do pagamento dos aluguéis e encargos dos imóveis onde funcionavam as residências terapêuticas, Gerarte 1 e 2 e UAT, bem como o pagamento dos salários dos trabalhadores contratados pela SSVP. No entanto, foi determinada a desocupação imediata do imóvel alugado para o funcionamento do CCC Cuca Fresca.

Em 2016, o CCC Cuca Fresca recebeu o prêmio Inclusão Social pela Arte, Cultura e Trabalho, uma iniciativa promovida pelo Conselho Federal de Psicologia em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. A multiplicidade e qualidade das atividades desenvolvidas pelo Cuca Fresca foram reconhecidas com uma menção honrosa pela comissão organizadora do prêmio (GOIÂNIA, 2016c).

Lei municipal nº 9.778, de 29 de março de 2016 (GOIÂNIA, 2016e), que dispõe sobre o Plano Municipal de Atenção à População em Situação de Rua.

Outra ação intersetorial foi o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, proposto pela Resolução nº 59, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, de 12 de maio de 2016 (GOIÂNIA, 2016f). O plano propôs ações articuladas para os próximos 10 (dez) anos nas áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o trabalho e esporte para os adolescentes que se encontram em cumprimento.

A Portaria nº 136/2016, de 05 de dezembro de 2016 (GOIÂNIA, 2016i), instituiu o Grupo Condutor Municipal da Rede de Atenção Psicossocial, integrado pelos seguintes representantes: Gerência de Saúde Mental, Gerência de Equidade em Saúde, Diretoria de Atenção Básica, Superintendência de Regulação e Políticas de Saúde, CMS/Comissão de Saúde Mental, AUSSM, Centro Sul da Secretaria da Saúde do Estado de Goiás e Gerência de Saúde Mental da Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás.

2017:

O Centro de Convivência foi reaberto em novembro de 2017, depois de ampla mobilização de entidades da sociedade civil e o bloqueio de recursos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) pela Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE/GO).

Pode ser destacado, também, nesse período, a conversão do CAPS Novo Mundo em CAPS tipo III (julho de 2017) e a aprovação da lei 9.778/16, que dispõe sobre o Plano Municipal de atenção à população em situação de rua (LOURENÇO; WANDSHEER, 2010; DPE/GO, 2017; GOIÂNIA, 2016)

2018:

Realização dos 1º Jogos Goianos da Saúde Mental, no dia 1º de dezembro de 2018, em Goiânia, reunindo cerca de quinhentas pessoas. Este evento foi considerado um marco histórico, cultural, esportivo e político e mostrou que os usuários da saúde mental, são pessoas capazes de interagir, socializar e que precisam ser respeitadas. Esta atividade externa também serviu para legitimação da Rede de Assistência Psicossocial. A Primeira edição do evento se deu em parceria com o Curso de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás-UFG e reuniu usuários, familiares profissionais e a comunidade com objetivo de promover a interação social e espaços de integração da rede de saúde mental: (CARDOSO, 2010)

2019:

A Reforma Administrativa e a extinção da Gerência da Saúde Mental (GSM) da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás foram amplamente criticadas. O Conselho Regional de Serviço Social da 19ª região de Goiás (CRESS-GO), alertou, em uma nota de repúdio, o retrocesso que essa extinção representava para a política de saúde mental estadual.

A extinção da GSM foi revertida por pressão popular após ampla mobilização popular em audiência com o então secretário estadual de saúde, Ismael Alexandrino Júnior. A população reivindicava o restabelecimento da Gerência da Saúde Mental, sua manutenção e o investimento na estrutura governamental.

Extinção das equipes NASF, após o fim do financiamento próprio das equipes pelo Ministério da Saúde.

Criação do projeto de extensão (UFG) Memória da Saúde Mental de Goiás. Lançamento foi durante a semana da luta antimanicomial junto à exposição "É covardia deixar retroceder, cuidado em liberdade, na luta eu vou viver" no Museu Antropológico.

 

2020:

Criação no WhatsApp do grupo “Coordenadores de Saúde Mental de Goiás” constituído de todos os coordenadores de dispositivos de saúde mental do Estado, com a finalidade de troca de experiências, material de estudo, oferta de informações e apoio institucional para os serviços.

Realização de duas Reuniões On-line do Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental do Estado de Goiás (uma 15/05 outra 05/06). Foi estabelecida em acordo com o grupo rotina de encontros mensais do Colegiado, sendo a próxima prevista para o dia 03/07/2020.

Criação no WhatsApp de grupos de apoio institucional para os Coordenadores de Saúde Mental de cada Macrorregião do Estado.

Realização de uma reunião on-line com cada Colegiado Macrorregional para aprofundamento qualitativo dos dados coletados via formulário.

Realização de qualificação on-line “Primeiros Cuidados Psicológicos em Tempo de Pandemia” para as Equipes de Consultório na Rua em parceria com a organização Médico Sem Fronteiras no dia 27/05/2020.

Realização de qualificação on-line “Primeiros Cuidados Psicológicos em Tempo de Pandemia para Coordenadores da Atenção Primária em Saúde de Goiás” em parceria com a organização Médico Sem Fronteiras no dia 02/06/2020. 

Realização de qualificação on-line “Primeiros Cuidados Psicológicos em Tempo de Pandemia para Coordenadores das Equipes da ESF, UPA e CAPS” do município de Goianésia em parceria com a organização Médico Sem Fronteiras no dia 02/06/2020.

Articulação do Grupo de trabalho on-line “Saúde Mental do Trabalhador” constituído por representantes das seguintes equipes da SES-GO: Gerência de Integração de Políticas, Gerência de Desenvolvimento de Pessoas, Centro de Referência Estadual de Saúde do Trabalhador e Serviço Especializado em Engenharia e Medicina do Trabalho. (SES-GO, 2020)

 Inaugurado o CAPS Ad na região Oeste de Goiânia

 

2021:

Inauguração do CAPS ij Cativar em Goiânia.

Abertura do terceiro CAPS infanto-juvenil na capital.

Realização da 1ª Conferência Popular Goiana de Saúde Mental Antimanicomial.

Novas Eleições e novo processo de regularização da AUSSM/Go.

 

2022:

São realizadas as etapas municipais, regionais e estadual da V Conferência Nacional

de Saúde Mental. A etapa nacional foi adiada por três vezes e está prevista para

ocorrer em dezembro de 2023.

 

2023:

Goiás reativa plano de trabalho para ampliação da RAPS no estado. 

Você Sabia?

Durante a pandemia muitos serviços foram desabilitados (ou quase foram) pelo Ministério da Saúde. Segundo este órgão, por não responderem às exigências de alimentação do sistema de dados. Além disso, portarias de consolidação da RAPS foram extintas e tantas outras estiveram em risco, ato conhecido como “revogaço” na Saúde Mental. O Movimento Antimanicomial, em âmbito nacional, se uniu em torno da pauta, promovendo a Frente Nacional da Luta Antimanicomial, Frentes Parlamentares em defesa da Reforma Psiquiátrica e Conferências Populares Antimanicomiais.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ADAIR, B. Prefeitura inaugura nova sede do Conselho Municipal de Saúde. Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, 20 out. 2014.

AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007. 120p.

AMORIM, P.G; et al. PRÓ-PET Saúde UFG- SMS Goiânia 2012-2014: Grupo Tutorial Saúde Mental/Estratégia Saúde da Família. In: SOUSA,L.M. (Org.). Formação de profissionais de saúde na Universidade Federal de Goiás: contribuições dos programas de reorientação da formação. Goiânia: Gráfica UFG,2015, P. 143-156.

ARANTES, Débora Jerônima. Trajetória histórica da Reforma Psiquiátrica em Goiânia-GO: avanços, desafios e perspectivas. 2018. 189 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.  

ARANTES, D.J.; TOASSA, G. Movimento da Reforma Psiquiátrica em Goiânia, GO: Trajetória histórica e implantação dos primeiros serviços substitutivos. Revista Psicologia & Saúde, v.9, n.2, p. 47-60, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Relatório Final da IV Conferência Nacional de Saúde Mental- Intersetorial. Brasília, DF, 2010a.

CARDOSO, Sylnier Moraes. As permanências e rupturas da reforma psiquiátrica nas instituições de atenção à saúde mental em Goiânia (1966-2018). 2019. 160 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2019.

CARNEIRO, Larissa Arbués; SUGIZAKI, Eduardo. A reforma psiquiátrica em Goiânia: discursos e poderes nas políticas de saúde mental. Revista Mosaico, Goiânia, Goiás, v. 14, p. 127-140, 2021. DOI 10.18224/mos.v14i2.8839.

CONSELHO INTERNACIONAL DE MUSEUS. Código de ética doI COM para museu. ICOM: (S. l.) Brasil, 2004.

ESPERIDIÃO, E. ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, Goiás, Brasil, v. 3, n. 1, 2006. DOI: 10.5216/ree.v3i1.693. 

FERREIRA, Nayara Lúcia. A (RE)CONFIGURAÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL: neoliberalismo e tendências de regressividade na garantia de direitos sociai. 2020. 210 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2020.

GOIÁS (Estado). Secretaria de Estado da Saúde; Superintendência de Políticas sobre Drogas e Condições Vulneráveis-SES-GO; Gerência de Integração de Políticas / Equipe de Saúde Mental. Goiânia; SES-GO; jun., 2020. [1-12] p. ilus, tab.(Boletim Informativo, 1, 2). Monografia em Português | LILACS, Coleciona SUS, CONASS, SES-GO | ID: biblio-1118956

GUILARDI, C.; FERREIRA, R.; ZANINI, D.S. Reforma Psiquiátrica em Goiânia: fragmentos de uma história. 2005. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização)- Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2005.

LIMA, Leandra Assis Borges. Therapeutic Residences in the municipality of Jataí: with the word, the caregivers. 2014. 88 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) - Pontifícia Universidade Católica de Goiás, GOIÂNIA, 2014.

NASCIMENTO, Lorrany Rodrigues do. Reforma psiquiátrica brasileira. 2018. 122 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2018.

PAULA, Éder Mendes de. Da (in)visibilidade à categorização: o louco infrator em Goiás 1930-2010. 2016. 233 f. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.

PAULA, E. M.. Hospital Psiquiátrico Profº. Adauto Botelho: Identidade, Política e Exclusão em Goiás. In: CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 2., 2009, Jataí. Anais do II Congresso Nacional. Jataí, 2009.

RABELO, Ionara Vieira Moura; TORRES, Ana Raquel Rosas. Os significados da reforma psiquiátrica para os trabalhadores de saúde mental de Goiânia. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 23, p. 219-228, 2006.

SILVA, Elisa Alves da; COSTA, Ileno Izídio da. Saúde mental dos trabalhadores em saúde mental: estudo exploratório com os profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial de Goiânia/Go. Psicol. rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 14, n. 1, p. 83-106, jun.  2008.   

SILVA, Haroldo Caetano da. Reforma psiquiátrica nas medidas de segurança: a experiência goiana do paili. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum., São Paulo, v. 20, n. 1, p. 112-115, abr.  2010. 

SILVA, Martinho Braga Batista e. O desafio colocado pelas pessoas em medida de segurança no âmbito do Sistema Único de Saúde: a experiência do PAILI-GO. Revista de Saúde Coletiva. 2010, v. 20, n. 2, pp. 653-682.

YASSUI, S. Rupturas e encontros: desafios da reforma psiquiátrica brasileira. Rio de Janeiro:Fiocruz, 2010. 192 p.

 

* A maioria das informações constavam no artigo de Arantes (2018). Há dados até 2007 da linha do tempo, levantados a partir do documento: CARNEIRO, Larissa Arbués. Relatório técnico - terminal Goiás. Pesquisa nacional do Conselho Federal de Psicologia: A participação da psicologia na luta pela Reforma Psiquiátrica – a trajetória dos Conselhos e Psicólogos. 2007.

Por se tratar de pesquisa em fontes bibliográficas a linha está praticamente focada na capital do estado de Goiás. Estamos abertos à receber informações e referências de outros municípios. Escreva para museuvirtualdasaudementalgo@gmail.com, teremos o maior prazer em incluir a história do seu município aqui.

Créditos da linha: Júlia Português Almeida em colaboração com Milena Fontes Monteiro. PIVIC/UFG 2022.